Barroso diz que democracia passa por “momento de erosão” no mundo e defende autocrítica dos democratas para seu restabelecimento

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luís Roberto Barroso disse, nesta sexta-feira (13), que a democracia passa por um processo de erosão por todo o mundo e afirmou que é preciso trabalhar para restabelecê-la. A fala do ministro ocorreu durante o Congresso Brasileiro de Magistrados, que acontece até sábado (14), em Salvador. Barroso citou Hungria, Polônia,…

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luís Roberto Barroso disse, nesta sexta-feira (13), que a democracia passa por um processo de erosão por todo o mundo e afirmou que é preciso trabalhar para restabelecê-la.

A fala do ministro ocorreu durante o Congresso Brasileiro de Magistrados, que acontece até sábado (14), em Salvador.

Barroso citou Hungria, Polônia, Turquia, Rússia, Filipinas, Venezuela, Nicarágua e El Salvador como governos autoritários, além de “turbulências” recentes nos Estados Unidos e Reino Unido.

“A democracia foi a ideologia vitoriosa no século 20 tendo derrotado todas as alternativas que se apresentaram, o comunismo, o fascismo, nazismo, ditaduras militares e fundamentalistas. (….) mas nos últimos tempos alguma coisa não parece estar bem. É um período que está sendo chamado de recessão democrática, legalismo autocrático, e outros nomes para esse momento de erosão da democracia”, disse.

O ministro disse que é necessário uma autocrítica de democratas para um restabelecimento do sistema ao redor do mundo.

“Essa ascensão de um processo autoritário e populista se dá por insuficiências da própria democracia. Por isso os que defendem a democracia precisam identificar e trabalhar para restabelecer essa crença que une a todos”, disse.

Com poucas referências ao Brasil, Barroso admitiu ter feito um discurso onde evitou polêmicas. Em um dos poucos momentos onde falou diretamente sobre a situação do país, o ministro afirmou que o filme da democracia brasileira é bom.

“Temos que restabelecer o mínimo de honestidade intelectual, o mínimo de honestidade aos fatos. O filme da democracia brasileira é bom. Às vezes a fotografia é assustadora, mas o filme é bom. Eu tive cuidado de não dizer nada polêmico aqui porque os tempos não estão para polêmica.

Tem uma música de Paulinho da Viola (chamada Argumento) que diz em tempo de nevoeiro, velho marinheiro leva o barco devagar. Não devemos nos deixar impressionar pela fotografia do momento. E é uma fotografia mundial, mas o filme é bom. Sei que vivemos um país difícil, mas isso não desfaz tudo o que aconteceu até aqui”, disse.

A abertura do evento, que acontece no Centro de Convenções de Salvador, foi realizada na noite de quinta-feira e contou com uma defesa enfática da democracia e Judiciário feita pelo presidente do Senado, Rodrigo Pacheco.

“É preciso haver um fortalecimento das instituições. Como disse o governador Rui Costa aqui, é inimaginável que chegaríamos em 2022 precisando defender o judiciário e a democracia em tempos de atentados nocivos à sociedade brasileira. Temos que ter coragem para defender o nosso judiciário e queria reafirmar aqui que eu respeito o poder judiciário do meu país”, disse o senador.

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