Prefeitura lança hoje o “Valeu”, aplicativo de entrega de refeições sem taxas

Começou a funcionar nesta segunda-feira um aplicativo de entrega de refeições criado e gerenciado pela prefeitura do Rio. A reportagem é do Extra. O nome do serviço é ‘’Valeu’’, uma expressão típica do chamado carioquês (jeito de falar do carioca). A proposta do programa é tentar ajudar bares, restaurantes e entregadores a faturar mais sem…

Começou a funcionar nesta segunda-feira um aplicativo de entrega de refeições criado e gerenciado pela prefeitura do Rio.

A reportagem é do Extra.

O nome do serviço é ‘’Valeu’’, uma expressão típica do chamado carioquês (jeito de falar do carioca). A proposta do programa é tentar ajudar bares, restaurantes e entregadores a faturar mais sem cobrar taxas (ou sendo remunerados com comissões mais baixas) pelo uso do sistema. 

O objetivo é ambicioso: tentar concorrer com aplicativos similares que ganharam mercado principalmente com a a pandemia como o iFood e Rappi.

Um dos principais atrativos do “Valeu’’, explica o secretário municipal de Fazenda e Planejamento, Pedro Paulo Carvalho Teixeira, é que como a ideia é estimular o desenvolvimento do setor de serviços do Rio, na maior parte dos casos a prefeitura não vai cobrar comissão pelas entregas, desde que a encomenda não ultrapasse os R$ 100. Segundo fontes do mercado, conforme o porte do estabelecimento, essa taxa normalmente chega a 28% da compra.

O plano também prevê uma remuneração melhor para os entregadores. Por cada encomenda, eles receberiam R$ 7 (por entrega até R$ 100) e o equivalente a 2% do valor total das entreguas acima de R$ 100. 

Em uma tabela divulgada este mês após um protesto de entregadores, o I Food (maior do mercado) anunciou nova tabela de remuneração a partir do próximo dia 2. Por cada entrega, o prestador do serviço receberá R$ 6. Por outro lado, enquanto o I Food passará a pagar ao associado R$ 1,50 por quilômetro percorrido, essa remuneração extra não está prevista na versão da prefeitura:

— O trabalho dos entregadores é muito cansativo: para ter uma renda mínima chegam a trabalhar de 12 a 14 horas por dia. E as taxas cobradas pelos aplicativos existentes são muito elevadas. O proprietário de um pequeno food truck, por exemplo, não tem condições financeiras e escala para trabalhar com um aplicativo tradicional. Queremos contribuir para gerar mais receitas e desenvolver ainda mais o mercado de bares e restaurantes da cidade. Nosso estudo de mercado identificou que 70% das entregas será sem taxa, pois não chegam aos R$ 100 — disse Pedro Paulo.

Diferenças para outros aplicativos

Há ainda outras diferenças em relação aos aplicativos mais tradicionais. O critério do ‘’Valeu’’ será geográfico. Ao acessar o aplicativo, o usuário só vai encontrar os estabelecimentos credenciados georeferenciados com base na distância que cobrem. Nos demais aplicativos, é comum grandes redes pagarem para aparecer primeiro nas listas de opções. Nessa fase inicial, o ‘’Valeu’’ só está credenciando estabelecimentos.

No caso dos demais aplicativos, há uma lista de entregadores independentes cadastrados, que respondem aos pedidos de encomendas. Os serviços também podem ser independentes: o aplicativo só administra os pedidos e os entregadores são dos estabelecimentos.

Inicialmente, a prefeitura vai oferecer os uniformes para os primeiros parceiros. A prefeitura ainda está fechando o custo total do investimento.

— Estamos no começo. A ideia no futuro é abrir para credenciar entregadores, mas mantendo a relação financeira com os entregadores com os comerciantes, E montar pontos de apoio onde os entregadores possam descansar e usar sanitários — promete Pedro Paulo.

Uma das curiosidades do projeto é que antes de elegerem ‘’Valeu’’ para batizar o aplicativo, outros nomes chegaram a ser estudados. Um dos que entraram no processo final era a expressão ‘’Já é’’, mas a marca já estava registrada.

Comerciantes estão cautelosos

Entre os comerciantes, a expectativa é que a experiência dê certo. Mas mesmo assim, muitos estão cautelosos,

— Estou cadastrada no I Food mas fiquei ativa no sistema por pouco tempo. A taxa é muito elevada e tinha pouca margem de lucro. Hoje, atendo apenas pelo Zap e encomendas telefônicas. Vamos ver a aceitação do mercado antes de pensar em expandir a área de atuação e entregadores — disse Márcia Cristina.

Gerente do Bar do Mineiro (Santa Teresa), Alexandre Túlio Paixão, diz que a casa fará sua estreia no ‘’Valeu ‘’na terça-feira (dia 29) já que a casa não abre às segundas-feiras. O cardápio virtual incluirá a feijoada para até três pessoas (R$ 120), pratos executivos (R$ 42) entre outros pratos do menu.

— Estou na expectativa do resultado. Hoje, 10% do faturamento da casa dependem dos aplicativos já existentes. Por enquanto, vou manter meu raio de entregas a Santa Teresa e a parte do Centro — disse Alexandre.

Na Cadeg , em Benfica, o restaurante Costelão será um dos pioneiros do aplicativo. A encomenda da costela na brasa (para até três pessoas), carro-chefe do estabelecimento será oferecida pelo menos R$ 149 vendidos no estabelecimento.

— Os aplicativos correspondem a 15% do faturamento e trabalho com entregadores próprios. A ideia de oferecer uma margem de lucro para os restaurantes é boa. Mas é preciso esperar a resposta e a aceitação da população— disse o proprietário do Costelão, Armed Nemr Sarieddine.

No entanto, o plano ainda é visto com certa desconfiança entre os entregadores:

— Não entendo como a prefeitura desenvolve um programa desses sem ouvir os entregadores. O ideal era que eles já começassem com um credenciamento para os entregadores, não apenas para os estabelecimentos. Poderiam pensar também em um valor melhor para a categoria por entregas . O mercado está disputado e difícil de ganhar um pouco mais sem trabalhar umas 14 horas por dia— diz Ralf Alexandre Campos, o Ralf MT, que lidera entregadores do Rio de Janeiro que tentam pressionar aplicativos por melhor remuneração.

O aplicativo é o segundo lançado pelo Iplan Rio para oferta de serviços. Em 2017, o município criou o Táxi-Rio na tentativa de reduzir a perda de corridas com os amarelinhos para serviços de aplicativos como o ‘’99’’ e a Uber. Hoje, cerca de 70% dos motoristas estão credenciados , mas há algumas limitações. Temporariamente, as corridas não podem ser pagas por cartões pelo aplicativo. Os preços cobrados muitas vezes se aproximam . Sábado pela manhã (dia 26\3), por exemplo, uma corrida de táxi entre o Recreio dos Bandeirantes e o Aeroporto Tom Jobim saía no mínimo R$ 82 no Táxi-Rio enquanto pela 99 o valor inicial era de R$ 69,20; enquanto custava R$ 79,90 pelo Uber.

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