Explodiu, e daí?

 *Paulo Baía. Temos um problema grave com a utilização cada dia mais frequente do gás veicular-GNV. Muitos automóveis, muitos veículos automotivos, de vários tipos e idades, estão sendo adaptados para a utilização do GNV,  em função do alto preço do diesel, da gasolina e do etanol. Nos últimos seis meses assisti, na cidade do Rio…

 *Paulo Baía.

Temos um problema grave com a utilização cada dia mais frequente do gás veicular-GNV. Muitos automóveis, muitos veículos automotivos, de vários tipos e idades, estão sendo adaptados para a utilização do GNV,  em função do alto preço do diesel, da gasolina e do etanol. Nos últimos seis meses assisti, na cidade do Rio de Janeiro, três automóveis em chamas no meio das vias públicas, um no Maracanã e dois na Avenida Brasil.

Há notícias de veículos automotivos que estão explodindo em postos de abastecimento de combustível. Ontem dia 11 de agosto de 22, um desses veículos explodiu no município de São Pedro da Aldeia, no estado do Rio de Janeiro. 

Não existe um órgão estatal ou de autorregulamentação responsável pela fiscalização desses veículos com GNV. A vistoria anual dos automóveis foi flexibilizada nos últimos anos pelo departamento de trânsito do Estado do Rio de Janeiro- DETRAN/RJ, assim como outros departamentos de trânsito dos demais estados federados flexibilizaram a fiscalização da instalação de equipamentos de GNV nos veículos automotivos. e surgiram centenas de empresas sem a necessária expertise tecnológica, com baixa qualidade de instalação, oficinas informais e caseiras, sem garantia de qualidade técnica. Portanto a possibilidade de vazamento de gás e explosões do sistema GNV aumentou muito. Os equipamentos de GNV não vêm de fábrica, eles são instalados fora das fábricas, das montadoras, por empresas em tese especializadas, qualificadas para esse tipo de serviço.

O fato é que nos últimos meses surgiram inúmeras empresas que estão instalando equipamentos de GNV sem preparo técnico, e falta fiscalização dessas empresas e dos veículos.

Vemos portanto o aumento de acidentes, falhas, irregularidades nos veículos com GNV, e temos a cada dias mais notícias de acidentes, que geram mortes, como o do dia 11 de agosto no município de São Pedro da Aldeia/RJ. Tenho certeza que muitos municípios brasileiros estamos tendo esse problema. Também é  verdade que muitos municípios, a maioria dos municípios, não têm serviço de GNV.  Mas nas principais cidades, no eixo das principais urbes, dos principais estados como Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais, Paraná, Santa Catarina e Brasília o GNV está sendo muito usado, com risco para os condutores dos veículos, para os trabalhadores das empresas que instalam os equipamentos e para os frentistas, os operadores nos postos de abastecimento de combustíveis, como no caso de São Pedro da Aldeia/RJ no dia 11/08/22.

Isso é mais um alerta, dos que tenho feito,  um alerta com foco no estado do Rio de Janeiro, para sua Assembleia Legislativa-ALERJ, chamando atenção para a explosão do dia 11/08, em que um jovem frentista foi morto pela explosão de carro com GNV.

Não existe a quem responsabilizar, pois a fiscalização dos postos de abastecimento de combustível é feita pela ANP – Agência Nacional do Petróleo, que não é responsável pela situação do veículo nem pela investigação da explosão. A fiscalização dos veículos está flexibilizada, praticamente extinta. Estamos presenciando veículos em péssimas condições trafegando pelas vias públicas, assim incêndios e explosões de veículos se transformam em mais uma questão de investigação policial por morte, uma explosão que será investigada pela delegacia de polícia da área de ocorrência,  que caminhará com a lentidão de todos os inquéritos policiais, ou seja, a não responsabilização. Caminhamos a passos largos para um cenário de maiores riscos, pela flexibilização das vistorias veiculares pelos Detrans e pela indefinição de responsabilidades, como por esta explosão específica de um veículo no balneário de São Pedro da Aldeia/RJ, assim como por incêndios, vazamentos de gás e demais explosões que vêm acontecendo em todo o território do Estado do Rio de Janeiro.

Já não é mais um caso isolado, um segundo ou terceiro caso isolado, virou uma rotina.

Temos vários casos acontecendo de vazamento de gás, de incêndios e de explosões.

Alô, alô ALERJ.

Alô, alô André Ceciliano.

 *Sociólogo, cientista político, técnico em estatística e professor da UFRJ.

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