O “Gambito de Rainha Eleitoral” de Eduardo Paes, Washington Quaquá e Rodrigo Neves

* Paulo Baía A sucessão estadual para o governo  do Rio de Janeiro ganhou tempero, sal do himalaia, pimenta malagueta, ganhou sobretudo vida competitiva, atividades frenéticas, nos últimos 15 dias. A sucessão do governador vinha até então de maneira a consolidar a polarização entre Cláudio Castro e Marcelo Freixo, como Cláudio Castro sempre sonhou. As…

* Paulo Baía

A sucessão estadual para o governo  do Rio de Janeiro ganhou tempero, sal do himalaia, pimenta malagueta, ganhou sobretudo vida competitiva, atividades frenéticas, nos últimos 15 dias.

A sucessão do governador vinha até então de maneira a consolidar a polarização entre Cláudio Castro e Marcelo Freixo, como Cláudio Castro sempre sonhou.

As posições de Cláudio Castro, Marcelo Freixo, Rodrigo Neves e Felipe Santa Cruz eram retratadas, nas mais diversas pesquisas, desde o mês de junho de 2021 até o final do mês de junho de 2022, o tempo todo, com esse cenário bipolar entre o governador Claudio Castro e o deputado federal Marcelo Freixo, em primeiro e segundo lugar respectivamente.

Uma consagração de Cláudio Castro, na medida em que o governador fez uma engenharia política bem montada com a quase totalidade dos deputados da Assembleia Legislativa do RJ – ALERJ, com a quase totalidade dos partidos políticos, com a maioria absoluta dos 92 prefeitos dos municípios do estado do Rio de Janeiro.

Com os três senadores, que no caso são do seu partido: Romário, Carlos Portinho e Flávio Bolsonaro; com a maioria da bancada dos 46 deputados federais que representam a população fluminense e carioca na Câmara dos Deputados.

Cláudio Castro liderou, junto com André Ceciliano como presidente da ALERJ, o processo de estabilidade fiscal e financeira do Estado do Rio de Janeiro, tendo sucesso, com o apoio decisivo da maioria absoluta da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro liderada por Ceciliano e do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro liderada pelos desembargadores  Milton Fernandes de Souza e Cláudio de Mello Tavares, e agora pelo Desembargador Henrique Carlos de Andrade Figueira, seus presidentes.

Isso garantiu que Cláudio Castro não somente tivesse êxito nas ações do pacto de recuperação fiscal  para o Estado do Rio de Janeiro junto ao governo federal mas também o aporte  de mais de 15 bilhões de reais com a venda da CEDAE.

Cláudio Castro, além desses dois movimentos, também obteve sucesso com um pequeno aumento da produtividade da economia estadual, em toda a cadeia produtiva, de forma geral, no Estado do Rio de Janeiro, liderada  pela indústria de Petróleo e Gás.

Este cenário colocava Cláudio Castro em primeiro lugar em todas as enquetes de opinião eleitoral e Marcelo Freixo em segundo lugar.  Estavam portanto definidas as estratégias e táticas de Cláudio Castro e de Marcelo Freixo, com o apoio decidido de Lula a Marcelo Freixo e de Jair Bolsonaro a  Cláudio Castro.

Mesmo que se fale de uma ambivalência na campanha de Cláudio Castro, sua campanha vem se decantando, e no final de Julho de 2022, já possui um modelo de exclusividade com Jair Bolsonaro, seu arco de alianças já se afunilou à rota, roteiro e narrativa de Jair Bolsonaro.

As ligações de quase todos os partidos que apoiam Jair Bolsonaro são explícitas, e a  escolha sábia, pelo ponto de vista da eficiência eleitoral, do ex-prefeito de Duque de Caxias, Washington Reis para vice-governador,  e da escolha de Clarissa Garotinho como candidata ao senado, além de ter Romário também candidato ao senado no eixo Jair Bolsonaro/Cláudio Castro.

Em  todas as pesquisas, de institutos diversos, Cláudio Castro tem um bom desempenho, uma boa performance.

Cláudio Castro terá dois fortes candidatos ao senado, vinculados diretamente a Jair Bolsonaro. Romário reflete a chapa oficial Jair Bolsonaro/Cláudio Castro. Com Romário, a amplitude eleitoral é dilatada, com uma elasticidade maior que a foto do álbum Jair Bolsonaro/Cláudio Castro.

Um fato novo acontece em julho de 2022 com o prefeito da cidade do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, anunciando a desistência do candidato Felipe Santa Cruz ao governo do estado do Rio de Janeiro e estabelecendo uma coligação formal com o PDT, com os trabalhistas e os socialistas democráticos, oferecendo Felipe Santa Cruz como vice de Rodrigo Neves.

Rodrigo Neves é um bom candidato, muito bem conhecido no município de Niterói, mas absolutamente desconhecido nos demais municípios, fato que tornava sua candidatura mais fragilizada, em pior posição no retrato das pesquisas eleitorais. O fato de ser absolutamente desconhecido em todo estado do Rio de Janeiro, com exceção de Niterói, faz Rodrigo Neves ter baixa rejeição, enquanto o nome mais conhecido por todos os eleitores cariocas e fluminenses, o do professor e deputado federal Marcelo Freixo, por ser conhecido por toda a população, tem uma maior rejeição também.

O movimento feito por Eduardo Paes de retirar Felipe Santa Cruz e apoiar Rodrigo Neves,  montando a chapa Rodrigo Neves/Felipe Santa Cruz fez  um “Gambito de Rainha”, um “Roque de Rainha”, em que um peão é sacrificado para dominar o meio de campo e o jogo. Esse movimento foi  feito por Eduardo Paes do PSD, a candidatura de Rodrigo Neves ganhou uma dimensão até então inexistente, que certamente superará Marcelo Freixo nas próximas pesquisas e sondagens de opinião, que ainda não está visível,  está misturada junto com Cyro Garcia, Eduardo Serra e Wilson Witzel. 

A competitividade de Marcelo Freixo tem um teto, um limitador que Rodrigo Neves não tem, com o apoio de Eduardo Paes.

Com essa competitividade de Rodrigo Neves aumentada, a direção estadual do Partido dos Trabalhadores – PT aposta numa coligação formal com Rodrigo Neves e abandona a candidatura de Marcelo Freixo.

A coligação formal do PT ainda não havia sido feita, o que existia eram declarações de apoio de Luiz Inácio Lula da Silva a Marcelo Freixo, mas a direção estadual do PT estava em silêncio em relação ao apoio a Marcelo Freixo.

Assim, a chapa Rodrigo Neves/Fernando Santa Cruz/André Ceciliano faz um super “Gambito de Rainha” um mega “Roque de Rainha” eleitoral e se posiciona estrategicamente em posição mais vantajosa que o governador Cláudio Castro.

Cláudio Castro reza e apela aos céus que isso não aconteça, quer o PT com Marcelo Freixo.

Clarissa Garotinho e Romário querem que André Ceciliano fique no quadrado eleitoral de Marcelo Freixo como candidato ao senado.

Washington Quaquá pode ser tudo menos bobo, é um estrategista testado.

O fato é que Rodrigo Neves/Felipe Santa Cruz/André Ceciliano coligados formalmente formam uma chapa para chegar em primeiro lugar no dia 02 de outubro de 2022 e derrotar Cláudio Castro.

       *Sociólogo, cientista político, técnico em estatística e professor da UFRJ.

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