Os perigos da prisão de Marcelo Crivella

Artigo – Ricardo Bruno O prefeito Marcelo Crivella fez uma administração medíocre, sem qualquer lampejo de criatividade e competência. Na conturbada história da administração pública carioca, talvez tenha sido mesmo o pior prefeito do Rio. A sua conversão ao negacionismo bolsonarista, após de ter sido ministro de Dilma Rousseff, é outra falha. Esta um pouco…


Artigo – Ricardo Bruno

O prefeito Marcelo Crivella fez uma administração medíocre, sem qualquer lampejo de criatividade e competência. Na conturbada história da administração pública carioca, talvez tenha sido mesmo o pior prefeito do Rio.

A sua conversão ao negacionismo bolsonarista, após de ter sido ministro de Dilma Rousseff, é outra falha. Esta um pouco mais grave, pois de caráter. Oportunista, traiu Dilma e Lula, juntou-se a Bolsonaro e passou a criticar o PT como se não tivesse tido proximidade com partido. Ingrato é o mínimo a se dizer sobre tal comportamento.

A mistura entre religião e política, praticada por Crivella, é outro ponto a macular sua passagem pelo prefeitura.

Contudo, nos termos em que aconteceu, a prisão do prefeito preocupa. Primeiro, se fundamenta na execrável teoria do domínio do fato, a mesma utilizada contra o ex-ministro José Dirceu, na ação penal do mensalão. Ou seja, Crivella é culpado e responsável final por toda eventual ladroagem na administração municipal pelo simples fato de ser prefeito.

“Considera-se autor não só aquele que executa pessoalmente a conduta delituosa, mas também aquele que detém o controle final do fato, sendo os demais considerados partícipes”, escreve a desembargadora Rosa Helena Macedo Guita no decreto de prisão.

Há ainda uma frase – sem qualquer fundamento fático – a enfraquecer a credibilidade da medida. Após elencar inúmeros crimes supostamente praticados na prefeitura, a desembargadora afirma que Marcelo Crivella continuará a praticar tais delitos porque tem o interesse em permanecer na vida pública. Talvez seja uma alusão ao fato, já divulgado, de que o prefeito teria desejo de disputar o Governo do Estado em 2022.

A referência é infeliz e abusiva, pois revela inaceitável tentativa de setores do Judiciário de tutelar o processo eleitoral, retirando do páreo nomes indesejados aos olhos de uma magistrada ou de um magistrado exclusivamente –sem o cumprimento do processo legal para casos desta natureza.

Em outras palavras, a prisão cumpriria também o objetivo de retirá-lo da disputa em 22 para assim, supostamente, se evitar a continuidade da prática delituosa. Um intromissão lastreada em fatos subjetivos, absolutamente inaceitável.

Deixe uma resposta

Mais recentes

Blog at WordPress.com.

Descubra mais sobre Agenda do Poder

Assine agora mesmo para continuar lendo e ter acesso ao arquivo completo.

Continue reading