Artigo – Paulo Baía
A maioria dos analistas políticos da cidade e estado do Rio de Janeiro, sejam sociólogos, cientistas políticos ou jornalistas especializados, usam um “filtro” de muitas camadas que exclui Romário Faria das avaliações.
Ele é previamente colocado como péssimo político e parlamentar.
Simplesmente o desconsideram.
Romário, nesse momento, é o segundo vice-presidente do Senado Federal pelos próximos dois anos.
É curiosa essa definição antecipada de péssimo parlamentar e político que usam para classificar Romário.
Vejamos, ele foi deputado federal por um mandato, trabalhou intensamente com sucesso e eficiência para o estabelecimento de leis e políticas públicas de inclusão de pessoas com alguma deficiência, principalmente crianças no ambiente escolar e institucional.
No senado federal foi presidente da CPI do Futebol, que, embora muito boicotada pelo senador Romero Jucá como relator, terminou com um relatório e anexo muito significativos para a PGR e os MPs atuarem na criminalidade que é cotidiana no futebol brasileiro.
Os MPs e a PGR não agiram, nada fizeram, foram coniventes, não por incompetência ou irrelevância do trabalho do Senado Federal, e do Senador Romário Faria em especial.
Romário Faria foi presidente de duas das mais importantes comissões do Senado Federal, a da Educação e depois a de assuntos sociais.
O trabalho parlamentar e legislativo de Romário é de excelência nas duas comissões.
Por que então colocam Romário como péssimo político e parlamentar?
Na minha avaliação, é por racismo em primeiro lugar.
Depois discriminação social contra pobre e favelado que ascendeu nas rígidas hierarquias desafricanizadas e financeiras de um “Brasil de Castas”.
Seu sucesso no futebol é até aceitável, com as clivagens regionais e clubistas do mundo do futebol, mas como político, parlamentar, formulador de políticas públicas de inclusão social e defesa das redes de proteção à vida, é inaceitável.
Romário, um militante social, como ex-favelado, filho de operário, que ganhou dinheiro jogando futebol, é inadmissível.
Sem ser de esquerda autodeclarado, como foi o magnífico Doutor Sócrates, que era médico em uma sociedade em que pouquíssimos chegam às universidades.
Também não é de direita, como o “acusam”. Gosto do sociólogo e cientista político Leonardo Petronilha , hoje em Nova York na Columbia University, quando diz: “Romário é um social-democrata intuitivo”.
É de direita para os militantes das esquerdas e de esquerda para quem se autoproclama de direita.
Temos no estado do Rio de Janeiro hoje três senadores.
O mais antigo é Romário Faria, em termino de mandato em 2022.
Flávio Bolsonaro e Carlos Portinho, em início de mandato, foram eleitos em 2018.
Carlos Portinho assumiu há poucos meses com a morte de Arolde de Oliveira.
A estreia de Carlos Portinho está sendo boa, esperançosa, mas isso é uma outra conversa.
Hoje, quero constatar o belíssimo trabalho político e parlamentar de Romário Faria para o estado do Rio de Janeiro e para o Brasil nesses tempos de desesperança política e depressão emocional quase coletiva.
Que tenha coragem como vice-presidente do Senado Federal.
* Sociólogo e cientista político em 03/02/2021
